domingo, 29 de julho de 2012


DIA DO NASCIMENTO DA PRINCESA ISABEL - 29 DE JULHO
UMA NOVA FACE DA PRINCESA ISABEL
Há 500 anos as mulheres aparecem na história do Brasil "por detrás dos panos", como bem definiu a escritora Schuma Schumaher , autora do "Dicionário das Mulheres do Brasil", obra que, incluindo as "excluídas", resgatou o papel de mulheres protagonistas da história.
Princesa Isabel
Com a Princesa Isabel (ou "Dona Isabel A Redentora"), não foi diferente:conhecida como "a princesa que assinou a lei da libertação dos escravos com uma pena de ouro e pedras preciosas sob uma chuva de pétalas de flores", por anos foi citada assim nos livros escolares.
"Como princesa podia tudo, né mamãe? "Perguntava aquela menininha que ao vestir uma fantasia de princesa se achava a "dona do mundo"e não queria obedecer mais ninguém. Mas também não foi assim. Nascida no Palácio de São Cristóvão , no Rio de Janeiro, em 29 de junho de 1846 , filha de Dom Pedro II e de Dona Thereza Cristina, Isabel sucedeu aos irmãos Afonso e Pedro, falecidos em 1847 e em 1850.
E como se morria no século XIX! Senão de parto, de doenças infecciosas e epidemias de varíola, febre amarela e tantas outras doenças tropicais!(Não podemos esquecer que o saneamento era péssimo em uma cidade de clima tropical , e nem se cogitava em sulfas, antibióticos, pois não se havia descoberto ainda a existência dos germes e bactérias!)
Isabel teve a sorte de receber como preceptora a Condessa de Barral (Luísa Margarida Borges de Barros), baiana casada com o francês Marquês de Abrantes , que introduziu no Brasil os hábitos da corte francesa. Adquiriu profundos conhecimentos de Latim ,Francês, Inglês e Alemão com vários mestres e interessava-se pelo voto feminino.
Princesa Isabel
Casou-se em 15 de outubro de 1864 com o príncipe francês Luis Felipe Maria Gastão de Orleans e, após muito tempo o casal teve 3 filhos, dos quais apenas um deu continuidade à dinastia.
Ela substituiu o imperador Pedro II nas três viagens que este fez ao exterior e este período reveste-se da maior importância porque foi, até hoje, a única brasileira a administrar o país. E foi exatamente durante seu governo que as principais leis de combate à escravidão foram promulgadas.
A primeira regência estendeu-se de 7 de maio de 1871 a 31 de março de 1873, durante o ministério do Visconde do Rio Branco. Nessa ocasião, a princesa sancionou a Lei do Ventre Livre , já em 28 de setembro de 1871 , libertando todos os nascidos de mães escravas , bem como todos os escravos pertencentes ao governo.
A segunda regência foi de 26 de março de 1876 a 27 de setembro de 1877, e ela ainda assumiu o governo pela terceira vez no período de 5 de janeiro de 1877 a 22 de agosto de 1888.
Nessa época, as campanhas abolicionistas estavam no auge, e os governos do Pará e Amazonas já tinham libertado seus escravos desde 1884.
Princesa Isabel
As fugas de nativos geraram uma crise que culminou com a demissão do ministro escravocrata Barão de Cotegipe . Estrategicamente Isabel nomeou, então, para conselheiro João Alfredo, que encaminhou rapidamente o projeto da lei sancionada por ela em 13 de maio de 1888.
Muito festejada pela população, a Lei Áurea conferiu-lhe o título de "A Redentora" e Dona Isabel recebeu também a comenda "Rosa de Ouro" oferecida pelo Papa Leão XIII ,em 28 de setembro de 1888.
Segundo a historiadora Hebe Maria de Mattos, "a abolição da escravatura no Brasil foi um acontecimento ímpar, quando pela primeira vez foi reconhecida a igualdade civil de todos os brasileiros".
A Revista Illustrada publicada no Rio de Janeiro em 28 de julho de 1888 mostra em desenho de D'Agostini uma família de negros depositando flores em retrato da princesa colocado em sua casa. As homenagens se repetiriam pela imprensa mundial, em reconhecimento pelo feito.
Documentos da época relatam os "grandes festejos de 13 de maio, quando se armaram grandes coretos e, ao som de bandas os negros cantavam modinhas populares dedicadas à princesa ".
Princesa Isabel
A Lei Áurea coroou esforços que se faziam há anos. A insuspeita camélia, que hoje ainda floresce no Museu Imperial ,em Petrópolis, era o símbolo dos abolicionistas que, liderados pela princesa, promoviam eventos com o fim de arrecadar fundos dedicados à compra de alforrias.
O atual bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, era um imenso quilombo que se dedicava à produção de camélias,segundo nos conta Eduardo Silva em seu livro "As Camélias do Leblon". André Rebouças ,(primeiro negro brasileiro a se formar em Engenharia e chegar a professor catedrático)em seu diário, comenta, deslumbrado:"12 de fevereiro:primeira batalha de flores em Petrópolis: primeira manifestação abolicionista de Isabel!"
Na maior de todas as batalhas de flores, em 1 de abril, a princesa entregou 103 títulos de liberdade.
(Segundo outros autores eles teriam planos de implantar uma espécie de "reforma agrária"distribuindo terras aos negros para que dela tirassem seu sustento, o que não aconteceu devido ao advento da república).
Robert Daibert Jr.,autor de "Isabel, A Redentora dos Escravos", comenta que "republicanos como Rui Barbosa não conseguiam compreender a devoção dos ex-escravos pela princesa, e em 13 de maio de 1891 um grupo deles foi preso em Minas Gerais porque comemoravam o terceiro aniversário da abolição ostentando a bandeira do império".
José do Patrocínio, membro da elite negra, rompeu com seus aliados republicanos e passou a apoiar abertamente a Princesa Isabel, "a santa e meiga mãe dos cativos".A ação da regente se confundia com uma atitude divina:exaltando sua figura, lealdades distintas cobertas pelo manto de uma mãe protetora, Nossa Senhora do Rosário. Ao final da luta, Isabel foi coroada rainha da paz , mas não chegou efetivamente a reinar.Destronada pela república, foi para o exílio onde morreu, mas jamais foi esquecida.
É coroada até hoje nas festas populares, nas congadas e homenagens a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e 13 de maio.

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